Minha história

Antigamente, o universo da equinocultura era somente masculino, entretanto uma mulher vem se destacando e abrindo espaço dentro desse segmento. Investindo em divulgação para formatação e expansão do meio, tonando-se  importante fonte de informação e divulgação do Tropeirismo.  Ana Paula Brito submergiu-se aos muares ainda na infância, por meio de seu pai, Paulo Brito, fundador da Comitiva do Cerrado.

“Minha historia com os muares começou oficialmente quando fiz minha primeira cavalgada no lombo de um muar, percorrendo 40 km, sendo a única mulher a participar em um animal desse porte.”

“A partir desse momento, resolvi convidar e influenciar as amigas a participarem dos eventos ativamente, e em pouco tempo o grupo contava com 15 mulheres, todas envolvidas em cavalgadas de curta e longa distância. Com o passar do tempo, começamos a nos envolver com Provas de Marcha, inicialmente não foi fácil, por ser um esporte de resistência, em que o conhecimento do esporte era predominante masculino, a participação feminina trouxe um toque de charme e elegância dentro do seguimento.”

Em Brasília-DF, realizou-se a primeira grande prova de marcha, envolvendo em pista 20 mulheres, o intuito dessa prova era a participação feminina, as mulas foram cedidas por grandes criadores do Brasil. A partir desse ato, as Provas de Marcha Feminina e Mirim têm sido destaque em todos os eventos.

“Devagar fomos ganhando o respeito dos homens e, hoje, temos nosso próprio espaço e uma presença feminina bem maior. Antes, quando se falava de mulher e mula, havia certo receio e restrições, mas hoje conseguimos lidar com esses animais e possuímos talento e capacidade igual ao dos homens, mesmo com pouco tempo de acesso à esse seguimento.”

ANA PAULA BRITO

Em plena Capital Federal (Brasília DF), nasceu Ana Paula Brito uma menina que desde seus 36 dias de vida fez a diferença na vida daqueles que estavam ao seu lado, uma pessoa simples que iniciou sua vivência na zona rural ainda quando criança . Educada com princípios morais: honestidade, simplicidade, dedicada ao que faz, trabalhadora, religiosa devota de Nossa Senhora Aparecida e do Divino Pai Eterno. Na adolescência, sua doutrina já estava enraizada ao seu comportamento e convívio social, ao invés de festas e baladas, participava de cavalgadas e romarias pelo Brasil. Seu jeito simples e sua paixão pelo que faz lhe mostrou um caminho que hoje ela trilha com autenticidade e sabedoria. Há mais de 10 anos divulga a cultura sertaneja, resgatando origens passadas, valorizado a Tradição e a Fé. Respeitada dentro e fora do segmento, carrega a bandeira da história que aprendeu com seu pai.

A muladeira é referência no meio pelo trabalho que faz em divulgar e resgatar a tradição, e assim, tem ganhado cada vez mais respeito e carinho do seu público alvo, são mais de 600 mil seguidores nas redes sociais. Em todos os eventos que participa recebe singelas homenagens de pessoas que agradecem pela contribuição dada por ela ao seguimento sertanejo.

Representante direta do meio, assessora de diversos Eventos como: Encontros de Muladeiros, Leiloes, Provas de Marcha, e etc..

“Ana Paula Brito é referência em qualquer evento que tenha o Muar como astro ou estrela (…) – Kaká de Barretos”

Muladeiros

A paixão por muares sempre foi levada muito a sério, o que resultou na criação de uma página intitulada MULADEIROS, criada junto a uma amiga, com o objetivo de reunir muladeiros(as), comitivas, treinadores e criatórios de todo Brasil, compartilhando o estilo de vida e valorizando a tradição tropeira. Desde a criação do trabalho nas redes sociais, suas mídias têm a responsabilidade de cuidar da divulgação de todo o meio voltado ao TROPEIRISMO, tendo como base o Marketing/Publicidade de Fazendas, Comitivas, Haras, Criatórios, Treinadores, Eventos, Encontros de Muladeiros, Exposições Agropecuárias, Leilões, Rodeios e etc.. Tendo público e clientes espalhados por todo Brasil: Goiás; Minas; São Paulo; Mato Grosso; Paraná; Pará; e etc.. O público Internacional se estende aos Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Angola, Rússia, Israel, Grécia, e outros.

Seu Pai

A FÉ sacolejou em cima de burros e mulas ao longe de 1.957 quilômetros. Levou 58 dias para chegar ao destino. Enfrentou sol, chuva, frio, calor, mormaço, poeira, riso, lágrima e solidão. Asfalto e chão de terra batida. Venceu o cansaço. Renovou-se. transbordou e finalmente chegou. Em cima da mula, uma capelinha branca (que foi encardindo com o tempo e a poeira), enfeitada com rosas vermelha. Dentro a imagem do Divino pai eterno e de Nossa Senhora aparecida. Missão cumprida.

Está é a história de quatro tropeiros, que desafiaram os limites de cada um. Embrenharam-se por pedaços de estradas desconhecidas. Descobriram o melhor de uma gente que os recebia como heróis. E, juntos os tropeiros e essa gente simplória, rezavam o terço olhando para as estrelas. Depois, ao cantar do galo na madrugada, os homens, em suas mulas carregando o santuário branco, partiam.

Não, essa história não aconteceu no inicio do século passado. Ela começou a ser contada em 23 de junho 2008, no Incra 3 – entre Ceilândia DF e Brazlândia DF. O último capitulo foi escrito no dia 19 de agosto, quando os homens chegaram ao seu destino final. Mil novecentos e cinquenta e sete quilômetros depois, a sensação de plenitude. O andor com a capelinha entrou na Basílica de Aparecida do Norte (SP), terra de devoção a Nossa Senhora Aparecida. Paulo Brito, de 52 anos, o homem que idealizou a viagem, chora. “ Eu tinha um compromisso pessoal. Queria agradecer a Deus por tudo que ele me deu “conta.

Para entender como começa esse desbravar da Fé, é necessário voltar ao tempo. Ainda menino, em patos de minas (MG). Paulo foi levado ao hospital. Estava com uma doença grave no fígado. Percorreu hospitais e redondeza. A mãe, devota de Nossa senhora aparecida, rezou. Pediu um milagre. “Em alguns meses, me curei completamente. Tô aqui hoje, perfeito, lhe contando essa historia”, ele diz segurando o chapéu de peão.

Muitos anos depois, homem adulto, casado, sua primeira filha teve que ser operada com 36 dias de nascida. O coração estava em serio risco. Os médicos avisaram. “ela pode não suporta. O quadro é complicado e só a 15% de chance de sobrevivência”. A recém-nascida suportou. “Ela precisou tomar remédio só até os três anos. hoje , tá com 16 anos é uma moça muito saudável, não tem nenhum problema “. Comemora o pai.

Pelo próprio milagre e pelo milagre da filha, ambos atribuídos a Nossa Senhora Aparecida, ele decidiu que lhe pagaria uma promessa. Viajaria ao encontro da santa. Carregando-a em um andor, com a imagem dela em cima. Resolveu que a viagem seria feita com burros e mulas. Nove participantes, apenas quatro chegaram. Paulo o comandante da Fé pagou sua divida. “Essa viagem, que eu comecei a pensar em 15 anos, mexeu muito com o meu emocional. Nunca chorei tanto nem na minha infância , quando perdi meu pai e minha mãe e me tornei menino de rua”, ele desabafa , admirando a santa que chegou de aparecida.

(…) por: Marcelo Abreu – Correio Brasiliense